segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cap. X - Resgate

 Quando pensei em ir para verificar, até mesmo antes de pensar em levantar, alguém sentou-se ao meu lado com um  aroma de Patchouli*, um dos meus favoritos aromas.
 - Ninguém apareceu por lá, ainda bem ne ?! - os olhos de Ellena apartados num sorriso sem muito movimento de sues lábios me trouxeram lembranças de quando andávamos juntos.
 - Como tem passado ?
 - Como sempre ... - as palavras mal saíram da minha boca.
 - Hum... eu não esperava que viesse estudar a tarde! - ela continuava tentando puxar assunto.
 - Nem eu ...
Ficamos alguns longos segundos em silêncio. Eu estava desconfortável com sua presença mas satisfeito pelo contato depois de tanto tempo.
 - Então eu ja vou - disse ela se levantando - Fique bem ... Xiao Yang! - Correu escola à dentro com seus cachos longos trepidando ao vento.

Era tarde, eu estava completamente dominado, sem controle algum sobre meu corpo. Percebi que os caras estavam mais agitados e a garota nova cheia de gracinhas. De repente ela começou a se contorcer no chão freneticamente, um dos meninos se desesperou e todos começaram a correr para longe dela.
 - Corre, muleque !
 - Tô fora hen !
 - Vamo vazá, vamo vazá!
Levantei-me sem confiança para ver melhor o que acontecia com a menina, mas acabei caindo ao seu lado. Ela parou de se bater e só assim vi a seringa vazia no chão. ''Idiota... Surda... Burra... te avisei... menina estúpida...'' estava eu murmurando quando alguém tentava me levantar.
 - Você devia morrer, sabia?! Pode se levantar?
Pensei ter ouvido a voz ...
 - Rápido... me.. ajuda, Lee Yang!
Fui arrastado por um longo percurso, não conseguia ver direito nem falar e muito menos entender o que estava acontecendo, por mais que eu lutasse, só vultos entre imagens da menina estúpida e Ellena e vozes sem sentido.
Uma sirene de ambulancia provavelmente perfurou minha cabeça logo após ser estacionado por essa pessoa num lugar incomodo e úmido, semelhante a um gramado, entre arbustos.
O efeito começou a passar, o frio já tomava conta do meu corpo fazendo com que meus dentes se chocassem uns com os outros enquanto minhas mãos perplexas tentavam me fornecer calor. Por esse tempo, o saboroso aroma patchouli não abandonava meu olfato até ser substituído gradativamente pelo doce e acolhedor cheiro de Ma, que viera me resgatar novamente.
No dia seguinte, acordei com dor de cabeça, já passava das 1o horas e para minha sorte o honorável Mestre não estava em casa. Ao tomar banho, percebi que estava com as costas e os braços esfolados, isso trouxe imagens confusas da noite anterior que foram se encaixando  lentamente em minha cabeça. Recordei da garota estupida que não me ouvira de inicio e tivera um ataque; recordei do perfume de Ellena como uma ducha de água fria. Ellena?! Não, não pode ser, Ma foi me buscar... mas será que Ma me arrastou e me deixou passar frio na rua por castigo? Tsc, ela não faria isso. E ellena não estaria perambulando por aí a essa hora... Caminhei até a sala pensando nas possibilidades de Ellena ter me sequestrado brevemente. Ma estava assistindo ao noticiário que me chamou atenção: uma garota morreu noite passada, vitima de overdose, uma seringa foi encontrada junto dela e alguns papelotes esquecidos por seus companheiros na fuga. Todos meus sentidos pararam de funcionar nesse momento. Ma alternava apreensiva o olhar eu e a TV. Perdi a fome e permaneci trancafiado no quarto até o próximo dia. Eu estava preocupado e com medo de descobrirem que eu estava lá. Inútil, deixei alguém morrer diante de meus olhos. E se fosse eu no lugar daquela menina estúpida? O certo é que a pessoa que me arrastou para longe da menina, fez isso para evitar um mal entendido, para me proteger.

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