sexta-feira, 29 de julho de 2011

UPI. Cap VIII - Uma faísca

... passei a observar Ellena durante aquele ano, tudo o que ela fazia dentro da escola e tudo que estivesse relacionado a ela não passava despercebido. 
Desde que deixei de ser aquele menino bobo, muitas garotas se interessavam por mim, era só estalar os dedospara ter a que queria aos meus pés. De começo, tentei fazer ciumes à Ellena com uma de suas colegas entre outras meninas, mas sem sucesso, Ellena olhava mas não me via.
Comecei a pensar nela com mais frequência, quase todo dia, quase toda hora. Os caras perceberam e em meio as tragadas, baforadas e injetadas, eu deixava escapar uma ou duas coisas sobre Ellena, mas não sobre meus pensamentos perturbados. 

Não estava nem um pouco afim de ir à formatura.
- Aff, pára com isso Lee. - Lucas não parava de tentar me convencer - Levanta já daí, Lee Yang! Você TEM que ir, você DEVE ir!!! 
- Pra que?! Tenho mais o que fazer, se é que me entende...
- Falei com a Lena e ela quer que você vá...
- Quer o que ? -  sentei-me na cama para entender direito.
- Sim, ela disse bem assim ''Xiao Yang virá ne ?! Aposto que ficará muito bem de beca...'' - ele tentou imitar a voz dela mas acabou engasgando.
Custei a acreditar que ela diria algo assim, sendo verdade ou só um modo infalivel que Lucas encontrou para fazer com que eu fosse para a formatura, eu precisava ter certeza com meus próprios olhos. Gritei ma e corri para um banho rápido. 
- Xiao Lu (xiao lû/lâ), xiexie por fazer Xiao Yang mudar de ideia! Vão na frente, logo estaremos lá...
Se não fosse nada do que eu esperava, pelo menos ma ficou animada e iria se enfeitar toda a moda chinesa tradicional, ma ficava muito mais bonita assim.
Fui primeiro com Lucas; o colégio estava cheio de fotografos, grupos de meninas estéricas, familiares acomodados e garotos se divertindo com o ambiente, todos já vestidos.
- Rápido vocês dois, faltam só 10 minutos! 
Ellena veio correndo com duas becas, estava vestida a sua e com uma maquiagem suave que a deixou muito agradavel e delicada. Ela atirou uma das becas em minha direção e ajudou Lucas a vestir a outra, apressada, abotoou nossas golas e ajeitou as faixas, verificando se estávamos bem e foi para sua fila correndo, junto a diretora. Isso acendeu uma faísca que aqueceu meu peito.
Durante a cerimonia quase me peguei olhando-a com frequência; vibrei junto a massa de alunos e familiares quando Ellena ganhou o primeiro lugar das oitavas. Ao terminar eu não sabia o que fazer com a beca.
- Dá aqui que eu arrumo um lugar pra por, menino. - Era Dona Litha, mãe de Ellena. Lhe entreguei a beca após um cumprimento e fui para o posto com Lucas e outros caras. Ellena passou ali com suas amigas, sorrindo e falando muito, muito bonita com um vestidinho preto e curto, cabelo solto a não ser por um enfeitezinho que só o vi quando ela passou por mim, era uma das presilhas de borboleta que lhe dei de aniversário. Ela guardou depois de tanto tempo. Pensei se pra ela a presilha tivesse um significado maior por ser um presente meu, ou se ela era de guardar trecos. Foi o que  faltava para fazer com que eu pensasse mais nela. Nas férias eu dormia até tarde, passava o resto do dia no computador ou na casa de um colega, à noite saia com os caras para pegar o brilho e sair com umas meninas, de madrugada Ellena alojava-se  em minha mente como o frio que eu sentia até de manhã.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Terceira Noite de Reis

Boa noite~
Espero que estejam gostando da história e que tenham paciencia,  o tempo é muito curto mesmo, mas aos poucos vou postando e vai dando tudo certo. Me sugeriram que eu fizesse um guia dos capitulos, pra ninguém ficar perdido procurando e tal. Então para conferir o guia é só clicar Aqui! ou  nas paginas ali do lado. Sugeriram também que eu deixasse algum meio de contato, fora por comentarios aqui no blog, então pra ficar mais facil, vai o twitter que é @xiao_ma_ então segue lá pra ficar por dentro, pode sugerir a vontade lá também!
byebye ~

UPI - Cap. VII - Por acaso

 Se passaram dois anos, já estava no oitava série e havia mudado muito, fiz muitos amigos que me mostraram um novo conceito para diversão, através desses ''amigos'' experimentei coisas que mudaram a minha vida. Mesmo com amigos novos continuei sendo um pouco individualista e bem na minha mas com um talento nato para atrair atenção, isso me trouxe muitos inimigos também.
- Yang ?! Xiao Yang ?! Onde você está querido? - ma sempre atendia minhas chamadas noturnas com uma voz  carinhosamente preocupada.
- Tô aqui... vem me buscar, tô descalço.
- Aqui onde? Descalço por que ?
Não precisei responder, ma já sabia a resposta.
Aquela noite, saí disprevinido e, para não deixar os caras na mão, vendi meu tênis e rendeu uma quantia considerável! Sorte que tudo o que visto é importado.
Eles já haviam ido embora, não fazia ideia de que horas era, mas com certeza muito tarde. O efeito principal ja tinha passado, me restou apenas tontura, náuseas e uma terrivel queimação pelas vias respiratórias. Sentei-me no meio-fio daquela rua quase deserta e escura, iluminada apenas por uma luz fraca emanada do poste onde poiei minhas costas, olhando meus pés sujos e amortecidos pelo frio, á espera de ma. Me concentrei ao máximo para não pensar em nada e anular todos os sentidos, mas naquele momento fui interrompido. Uma criança estava chorando no colo de sua provável mãe, no ponto em frente a onde eu me encontrava. A mulher nervosa tentando acalmar a criança, dirigiu-se impaciente à menina que lhe acompanhava, seus olhos assustados examinavam a rua escura enquanto procurava algo na bolsa, não dei muita atenção mas os olhos da menina era grandes e familiares.  
- E esse ônibus que não vem ...?! - A voz da mulher saiu alta e trêmula, querendo me intimidar, sem sucesso algum - Já pegou o cartão , Ellena ?
Ellena? Que Ellena, aquela Ellena ? Forcei a vista para ter certeza de quem era a ''menina Ellena'' .
- Já peguei. Ah, olha o ônibus!
Pus-me de pé em um salto ao ouvir aquela voz que ignorei por dois anos; meu coração acelerou como nunca quando aqueles assustados olhos grandes encontraram os meus, ainda pequenos mesmo estando arregalados. Levei outro susto e desespero quando o ônibus parou rompendo nosso contato visual. Elas embarcaram no ônibus vazio que em segundos se mesclou com o breu. Senti uma pressão em minha cabeça e a sensação de algo perfurando a carne dos meus pés descalços, só então percebi que havia trancado a respiração e estava pisado em um caco de vidro. Naquele mesmo instante faróis se aproximaram com uma buzina.
- Xiao Yang !!! - Ma veio em minha direção, apalpando-me para ver se eu estava inteiro,me colocou no carro falando algumas coisas, mas não prestei atenção, na verdade nem ouvi. No caminho para casa, senti-me entorpecido, lembro só de acordar no dia seguinte trocado e com curativo nos pés, como sempre. Levantei e apenas coloquei uma jaqueta e o tênis que estava no hall de entrada, ma já estava no carro, passei pelo Mestre que estava na sala e entrei no carro para o colégio. Na escola foi como sempre, não olhei para Ellena, não havia os primos Ganawa para me perturbar e eu dormi nas primeiras aulas.
- E ela te reconheceu? – Perguntou aquele que sempre me ouvia pacientemente, Lucas.
- Não sei, ela parecia assustada, estava com medo de estar àquela hora numa rua escura e, com certeza, pensou que eu fosse algum marginal...
-  Que é quase verdade, né ?! – Completou Lucas me dando palmadas no rosto, irônico.
- Ela estava com medo... de mim...